Eventos climáticos extremos é o novo normal do planeta. A recente tragédia climática no Rio Grande do Sul, que já deixou mais de 150 mortos até o momento e afetou milhões de pessoas, destaca a necessidade urgente de as empresas desenvolverem estratégias de resiliência contra catástrofes climáticas. Com eventos naturais extremos, como enchentes, furacões, incêndios florestais e secas, tornando-se mais frequentes e intensos devido às mudanças climáticas, as empresas enfrentam riscos em todo o mundo. Assim, é fundamental que as empresas estejam preparadas para lidar com esses eventos extremos e minimizar seus impactos, inclusive em suas estratégias de go-to-market.
Precisamos nos preparar melhor para eventos extremos. No entanto, isso não significa que devemos deixar de lado nosso compromisso com a redução das emissões de CO2, tanto em nível empresarial como pessoal.
A verdadeira perpetuidade dos negócios e da sociedade como um todo passa por uma mudança radical na forma como geramos riqueza, tornando-a sustentável e compatível com os limites do nosso planeta.
Catástrofe no Rio Grande do Sul segue um padrão observado em outras regiões.
Empresas não preparadas para eventos climáticos extremos enfrentam sérios riscos, incluindo danos à reputação, interrupção das operações, perdas financeiras e impactos negativos na cadeia de suprimentos. Um exemplo marcante foi o furacão Katrina, que atingiu os Estados Unidos em 2005, causando danos significativos à infraestrutura e à economia local, afetando milhares de pequenas e médias empresas, mas também gigantes como a rede de supermercados Walmart, que teve várias lojas fechadas devido a danos e inundações.
Além disso, a falta de resiliência climática pode resultar em dificuldades para retomar as operações após um desastre para a indústria, levando a uma recuperação mais lenta e custosa. A Apple, por exemplo, teve que lidar com atrasos no lançamento do iPhone X em 2017 devido a problemas na cadeia de suprimentos causados por inundações em Taiwan, impactando diretamente as estratégias de go-to-market global que precisaram ser repensadas e ajustadas para lidar com a situação local.
A seca também afeta a indústria. A Zara enfrentou problemas em sua cadeia de suprimentos devido a secas prolongadas que afetaram a produção de algodão. Isso resultou em atrasos na entrega de produtos e na necessidade de ajustar suas estratégias de go-to-market para lidar com a escassez de estoque.
Colaboradores afetados também impactam o negócio. Em 2020, a Google teve que lidar com incêndios florestais na Califórnia, que obrigaram muitas pessoas a evacuarem áreas residenciais, causando interrupções em seus serviços e impactando sua capacidade de atender aos clientes.
Resiliência climática significa flexibilidade no go-to-market.
Deixo aqui um passo a passo para estabelecer uma estratégia de resiliência climática.
1. Análise de riscos: Os exemplos acima e também o caso da Região Metropolitana de Porto Alegre mostram que os grandes centros urbanos estão sob risco. É importante identificar e avaliar os riscos climáticos específicos que a empresa enfrenta, levando em consideração sua localização geográfica, setor de atuação e infraestrutura, o que inclui análises de mercado e público-alvo para o go-to-market. Cuidar dos negócios também é cuidar dos clientes.
2. Planejamento de contingência: Precisamos preparar as pessoas para não serem tão surpreendidas. O ideal é desenvolver planos de ação detalhados para lidar com diferentes cenários de catástrofe climática, incluindo procedimentos de evacuação, proteção de ativos e comunicação com funcionários e stakeholders, sendo essencial também no planejamento de lançamento de novos produtos ou expansão para novos mercados.
3. Investimento em infraestrutura resiliente: Na cidade de Eldorado do Sul tivemos diversas empresas inundadas e com operações interrompidas. Certamente, de agora em diante, estas empresas passarão a implementar medidas de adaptação para reduzir os impactos das catástrofes, como a construção de sistemas de drenagem, reforço de edificações e instalação de sistemas de alerta precoce, garantindo que as operações não sejam interrompidas por eventos climáticos extremos.
4. Diversificação da cadeia de suprimentos: Os negócios estão todos interligados. Ter fornecedores e parceiros de negócios em locais geograficamente dispersos para reduzir a dependência de uma única região e mitigar os riscos relacionados a catástrofes climáticas em uma determinada área, o que é fundamental para a estratégia de go-to-market.
5. Treinamento e educação: Vivemos em um mundo inundado de desinformação planejada e impulsionada por algoritmos que não priorizam a segurança e estabilidade social. É importante capacitar funcionários em medidas de segurança e procedimentos de emergência, garantindo que estejam preparados para agir adequadamente em caso de desastre, incluindo equipes de marketing e vendas envolvidas nas estratégias de go-to-market.
6. Monitoramento e avaliação contínuos: O clima ainda é bastante previsível. Mas a intensidade dos eventos climáticos está cada vez mais difícil de dimensionar. As empresas devem manter um sistema de monitoramento constante das condições climáticas e revisar periodicamente os planos de contingência para garantir sua eficácia e relevância, o que é leva a ajustar as estratégias de go-to-market conforme necessário.
Estamos falando da sobrevivência dos negócios e das pessoas.
Investir em uma estratégia de resiliência contra catástrofes climáticas é uma questão de sobrevivência para as empresas em suas estratégias de go-to-market. Uma abordagem proativa para lidar com os riscos climáticos pode reduzir a probabilidade e o impacto de eventos extremos, garantindo que as estratégias sejam implementadas de forma mais segura.
Empresas resilientes são capazes de manter suas operações mesmo diante de desastres, minimizando interrupções e garantindo a continuidade dos negócios. A demonstração de compromisso com a sustentabilidade e a resiliência climática tende a fortalecer a imagem das empresas perante clientes, investidores e comunidades, o que pode impulsionar as estratégias de mercado.
Medidas de adaptação e resiliência podem melhorar a eficiência operacional, reduzindo custos e aumentando a competitividade, o que é fundamental para o sucesso dos negócios. Além disso, o cumprimento das regulamentações relacionadas à resiliência climática pode evitar penalidades e manter a empresa em conformidade contratual com clientes e algumas leis locais.
Todas estas medidas são contingências para resistir ao novo momento climático do planeta. Os empreendedores têm um papel fundamental nessa transformação, sendo responsáveis por liderar o caminho em direção a práticas mais sustentáveis e ecologicamente conscientes. A adoção de estratégias de negócios sustentáveis não apenas ajuda a proteger o meio ambiente, mas também pode resultar em benefícios para as empresas, como redução de custos, aumento da eficiência e melhoria da reputação. Portanto, é hora de agir com responsabilidade e assumir o compromisso de construir um futuro mais sustentável para todos.