O futuro da TV era para ser o streaming, mas parece que as coisas não andam tão bem como previstas..
O que está por trás de tudo é uma estratégia de go-to-market baseada em premissas do passado,portanto, potencialmente cheia de falhas.
Vamos retroceder esse filme para entender melhor… The Bear, que voltou ao Disney+ para sua terceira temporada, é a personificação do que uma série de TV moderna quer ser: aclamada e culturalmente relevante. No entanto, o que antes poderia garantir temporadas intermináveis e retornos financeiros robustos agora parece um sonho distante. Com o advento dos serviços de streaming, o “bolo dos lucros” não só diminuiu, como praticamente desapareceu, deixando muitos na indústria se perguntando: “O que aconteceu com os bons e velhos dias quando todos apostavam na gente?”
Pra piorar, em 2023, a combinação de greves e o medo de uma recessão econômica levou a cortes orçamentários e menos programas sendo encomendados. Antigamente, uma série de sucesso poderia gerar uma fortuna com a distribuição em massa, mas, claro, o streaming veio para “facilitar” tudo, controlando a produção e a distribuição, o que ironicamente significa menos maneiras de ganhar dinheiro.
A Disney introduziu um novo sistema de bônus, o “Series Bonus Exhibit”, que paga aos talentos com base em realizações específicas, como renovações de temporada e indicações a prêmios. Mas nem isso parece estar dando muita esperança para a volta dos lucros astronômicos da indústria do entretenimento.
Vamos explorar onde Hollywood está errando e onde ainda existem oportunidades.
Falha: Dependência Excessiva de Streaming Antes, uma série de sucesso era um tesouro contínuo graças às reprises e distribuição em diversos canais. Hoje, com o streaming dominando, o controle centralizado da produção e distribuição significa menos oportunidades de ganhos adicionais. Ao invés de diversificar as plataformas e fontes de receita, Hollywood colocou todos os ovos na cesta do streaming, resultando em menos programas e menos lucros.
Oportunidade: Monetização de Conteúdo de Forma Criativa Embora o modelo tradicional de participação nos lucros esteja morrendo, ainda existem maneiras de capitalizar o conteúdo. Modelos de assinatura, como o “Series Bonus Exhibit” da Disney, oferecem um começo, mas há espaço para inovar. Adicionar camadas de experiências exclusivas, eventos ao vivo ou conteúdo adicional para assinantes premium pode abrir novas fontes de receita.
Falha: Subvalorização de Conteúdos de Longa Duração No passado, programas de longa duração (muitas temporadas seguidas) como Friends e Law & Order eram verdadeiras minas de ouro. Hoje, o foco está em séries mais curtas, o que limita o potencial de lucro e a construção de uma base de fãs leal. A pressão para produzir novos conteúdos rapidamente muitas vezes sacrifica a qualidade e a longevidade.
Oportunidade: Explorar Nichos de Mercado Com a fragmentação do mercado, há uma oportunidade de explorar nichos específicos e atender a audiências que não estão sendo bem atendidas pelas grandes plataformas. Conteúdos que abordam culturas, estilos de vida ou interesses específicos podem encontrar um público apaixonado e engajado, criando uma base de assinantes leais e, potencialmente, novas formas de monetização.
Falha: Falta de Estratégia de Publicidade Eficaz A publicidade tradicional na TV aberta ainda valoriza programas específicos, mas o streaming não conseguiu replicar esse modelo de forma eficaz. A publicidade digital, que deveria ser uma vantagem, ainda está muito focada em segmentação geral e não em aproveitar os picos de audiência de programas específicos.
Oportunidade: Integração de Publicidade Dinâmica Integrar publicidade dinâmica que se adapta ao comportamento do usuário e ao contexto do conteúdo pode ser uma maneira eficaz de aumentar a receita. Isso pode incluir desde inserções de produtos contextualizadas até anúncios personalizados que oferecem valor real aos espectadores.
O futuro da indústria de entretenimento está na integração de modelos de negócios diversificados, na valorização de conteúdo de qualidade e na criação de novas formas de engajamento e monetização. Isso requer uma mentalidade inovadora e a disposição de explorar territórios desconhecidos.
Para os talentos, há uma necessidade crescente de negociação inteligente e de buscar oportunidades além do tradicional, explorando direitos de propriedade intelectual e participações em novas mídias. Para as plataformas, a chave está em criar ecossistemas que incentivem a criatividade e recompensem o sucesso de maneira justa e sustentável, com novos modelos de negócio e produtos adjacentes.
Em última análise, o futuro de Hollywood dependerá de sua capacidade de reinventar o que significa ser um sucesso na era digital.