O movimento estratégico por trás do investimento bilionário
A Meta Platforms anunciou recentemente um investimento de US$ 3,5 bilhões para adquirir uma participação de quase 3% na EssilorLuxottica, a maior fabricante de óculos do mundo e dona das marcas Ray-Ban e Oakley. A notícia chamou atenção pelo valor, mas principalmente pela intenção: consolidar uma nova geração de óculos inteligentes com inteligência artificial integrada. O plano é expandir essa participação para até 5% no futuro.
Essa parceria entre tecnologia e moda não é nova. Desde 2019, as duas empresas vêm colaborando no desenvolvimento de óculos conectados. Desde o lançamento dos Ray-Ban Stories em 2021, mais de 2 milhões de unidades foram vendidas. Agora, com a nova geração dos dispositivos trazendo assistente de voz com IA, a Meta dá um passo firme rumo a um novo capítulo do mercado de wearable tech.
Neste artigo, a BOND GTM analisa esse movimento estratégico sob a ótica da sua metodologia proprietária de Go-to-Market. Os passos da Meta se alinham de forma interessante às três fases essenciais de GTM: experimentação, tração e expansão.
Fase de Experimentação: Validação antes da escala
Em 2021, os Ray-Ban Stories chegaram ao mercado como um teste funcional. Com câmera embutida, microfone e conectividade Bluetooth, o produto foi lançado em quantidade limitada e voltado para um público early adopter. O objetivo era simples e estratégico: entender o comportamento do consumidor diante de um produto vestível com tecnologia.
Esse é o princípio da fase de experimentação. O produto não precisa estar perfeito, mas deve ser funcional o suficiente para validar hipóteses. A Meta entendeu que havia aceitação, usabilidade e potencial de escala. Com mais de 2 milhões de unidades vendidas, o MVP estava validado. Era hora de evoluir.
Fase de Tração: Construindo uma máquina de aquisição previsível
Com a segunda geração de óculos, a Meta passou a integrar tecnologias mais avançadas, como o assistente de voz por IA. A distribuição também ganhou escala e previsibilidade, usando a infraestrutura global da EssilorLuxottica e canais tradicionais de varejo.
Nesta fase, o foco é transformar validações isoladas em processos consistentes de marketing, vendas e suporte. A Meta começa a operar com clareza em torno de:
- Segmentação precisa do público-alvo
- Posicionamento claro de produto, que combina tecnologia com estilo
- Distribuição omnicanal estruturada
- Ciclos de feedback baseados em dados de uso real
A máquina de aquisição foi montada e já mostra sinais de eficiência. O próximo passo é escalar.
Fase de Expansão: Escalar com governança
O plano da Meta é aumentar sua participação na EssilorLuxottica para até 5% e produzir 10 milhões de óculos por ano até 2026. Isso coloca a operação em modo de expansão global. Essa fase exige mais do que volume. É necessário controle, consistência e governança para sustentar o crescimento.
Na metodologia BOND GTM, essa etapa envolve:
- Consolidação de canais
- Operações de pós-venda escaláveis
- Integração entre produto, marketing e atendimento
- Governança de dados e experiência do usuário
Com a Meta focada no avanço de IA generativa e hardware proprietário, os óculos inteligentes se tornam não apenas um acessório, mas uma plataforma estratégica para distribuir seus serviços e controlar a jornada do usuário final sem depender de smartphones de terceiros.
O que empresas podem aprender com esse case
Mesmo sendo um movimento entre duas gigantes globais, os princípios aplicados são replicáveis por empresas de todos os portes. Os aprendizados mais relevantes incluem:
- Validar antes de investir pesado. A Meta passou quatro anos testando o mercado antes de escalar
- Estruturar processos repetíveis antes da expansão. Só se cresce com consistência
- Usar parcerias estratégicas como alavancas. A EssilorLuxottica oferece à Meta algo que ela não domina: fabricação, distribuição e presença global
- Escalar com controle. Crescer não é só aumentar vendas, mas manter qualidade de experiência
A Visão de GTM
O investimento da Meta na EssilorLuxottica é um movimento estratégico que mostra como lançar e escalar um produto tecnológico com inteligência. Ainda que a empresa não esteja utilizando diretamente a metodologia da BOND, suas decisões refletem com precisão as três fases do Go-to-Market que aplicamos em empresas de todos os tamanhos: experimentação, tração e expansão.
Esse case mostra que inovação de impacto não acontece por acaso. Ela é construída com método, validação e visão de longo prazo. E nesse sentido, a Meta está dando uma aula de execução estratégica.

